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Crise Mundial: Rússia sugere plano próprio para mudar ordem mundial

Posted in Crise, Nova Ordem Mundial by Blog Juízo Final on 18/03/2009

mp_main_wide_medvedev_putin A Rússia revelou planos específicos e radicais hoje para uma extensa reforma financeira global com intuito de enfraquecer a dominância dos EUA e colocar a ordem econômica mundial “obsoleta” no passado.

Em um documento de seis páginas direcionado para o encontro do G-20 em Londres, o Kremlin disse que a desaceleração econômica global foi resultado do “colapso do sistema financeiro existente” devido à fraca gestão e insuficiência básica.

A crise atual “demonstrou a necessidade de abandonar as abordagens tradicionais e adotar decisões combinadas coletiva e internacionalmente que visam essencialmente desenvolver um sistema de gestão do processo de globalização”, afirmou o governo russo.

O documento detalha cinco princípios nos quais “uma nova arquitetura financeira internacional” deve ser baseada e oferece propostas concretas em oito áreas específicas para o G-20 considerar. Essas oito áreas incluem reforma do sistema financeiro e monetário internacional, reforma das instituições do sistema e estreitamento da regulação financeira e da supervisão financeira.

O Kremlin afirmou que o encontro do G-20 em Londres, no dia 2 de abril, deve concordar com “parâmetros” de um novo sistema financeiro global, mas deve ser seguido de uma conferência internacional para adotar convenções sobre as novas regulações financeiras globais. O G-20 reúne as sete economias mais industrializadas do mundo e os chamados países emergentes.

“O sistema de tomar decisões coletivas só pode se tornar eficiente quando for legitimado e representar os interesses de uma faixa ampla de participantes”, disse o Kremlin. E acrescentou: “A ordem econômica unipolar obsoleta deve ser substituída por um sistema baseado na interação de vários grandes centros.”

Embora o documento russo demonstre apoio a algumas das propostas discutidas no último sábado pelos ministros das Finanças do G-20, como por exemplo aumentar o financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), algumas ideias quase que certamente vão incomodar os EUA.

“Maior transparência dos países que emitem moedas usadas em reservas quando conduzirem suas políticas monetárias é de fundamental importância”, disse o Kremlin, referindo-se ao que muitos veem como uma questão de soberania nacional.

O documento, sem explicitamente citar os EUA, chama atenção para empresas e instituições que são nominalmente nacionais, mas na prática têm influência direta e diária nas pessoas no mundo todo. Ele também pede um acordo internacional sobre regras globais para regulação do setor financeiro, ou uma “Estrutura de Regulação Universal Padrão”.

O Kremlin disse ser “crucial” expandir o número de países representados no Fórum de Estabilidade Financeira, um grupo baseado na Suíça criado pelo G-7 para promover a estabilidade financeira internacional. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Portal G1

Gerald Celente: EUA entram na maior depressão de sua história

Posted in Crise by Blog Juízo Final on 18/03/2009

6a00d8345159b169e2011168c4894b970c-150wiPrevisor de grande influência faz alerta a população para fazerem reservas de dinheiro e comprarem ouro.

O influente pesquisador e analista Gerald Calente, que ficou ainda mais conhecido após suas acertadas previsões da catástrofe econômica afirma que o colapso do sistema financeiro é o sinal do início da “maior de todas as depressões”.

Em recente boletim, Calente vai contra a corrente de analistas e políticos que falsamente previram o inicio de uma recuperação do sistema, ao contrário dos analistas convencionais na qual afirmam que “a partir do segundo quarto de 2009 ou 2010 ou 2011 não existirá mais volta”.

“ O sistema financeiro global, construído por suplementos intermináveis de dinheiro barato, especulação desenfreada, fraude, ganância e desilusão está seriamente doente e não será curado por meio de pacotes de estímulo e ajudas e empréstimos de governos”, escreve Celente.

A previsão mais positiva que Celente faz é que a Dow Jones não chegaria à zero, uma reação inesperada a queda recorde da Dow que atingiu níveis recordes abaixo de 7000 como em 1997.

Celente nos alerta que os primeiros sinais de real caos estão começando a aparecer, revoltas que exigirão dos governos a tomarem “medidas draconianas para prevenir o colapso econômico total e pânico público”.

“Falências massivas de bancos, corridas aos bancos, e férias nos bancos certamente irão acontecer. Fácil acesso ao dinheiro não será mais assegurado, escreve Celente.

Precisaremos, no mínimo, possuirmos uma reserva na mão para emergências, prevê Celente”.

Celente cita o ouro como um dos poucos investimentos que continuarão rentáveis, eventualmente atingindo a $ 2000oz.

As previsões assustadoras de Celente foram inicialmente ridicularizadas pela mídia, mas assim que a crise se agravou, sua credibilidade chegou ao ápice.

Celente, acertadamente previu a Crise monetária na Ásia, o colapso hipotecário e a massiva desvalorização do dólar nos EUA, disse a UPI em Novembro de 2007, que o ano seguinte seria conhecido como “ O Pânico de 2008” acrescentando também que gigantes estavam cavando suas mortes, como exatamente testemunhamos com a falência dos Lehman Brothers, Bear Stearns e outros.

Paul Joseph Watson

Fonte: Prison Planet

Jório Dauster: O pior da crise mundial ainda não chegou

Posted in Crise by Blog Juízo Final on 17/03/2009

a4c55a4d-7293-4439-857d-066d6098d553RIO – Diplomata que participou ativamente da renegociação da dívida externa num momento em que as reservas brasileiras mal chegavam a US$ 4 bilhões; executivo que dirigiu por dois anos a Vale do Rio Doce; laureado tradutor de J.D. Salinger e de Vladimir Nabokov para o português, o embaixador Jório Dauster não é um catastrofista.

Trabalha com a análise de possibilidades lógicas exercitada em 36 anos de carreira e, a partir desta bagagem, diz, sem hesitações, que o pior da crise mundial ainda não chegou.

– É grande o risco de que estejamos apenas entrando no túnel, e longe de ver luz na extremidade oposta – vaticina Dauster.

O embaixador teme, ainda, que estejam crescendo os ingredientes de uma receita para um desastre em escala mundial, com o estouro de fundos de hedge que ainda conseguem adiar o desenlace com venda de ativos desvalorizados.

Sobretudo, receia que a incapacidade de pagamento em moeda forte leve o Leste Europeu a uma situação de colapso econômico, seguido de convulsões sociais.

Tudo podendo levar ao buraco bancos de outros países europeus, numa situação assemelhada ao bíblico choro e ranger de dentes.

Dauster situa as origens do cataclisma econômico no naufrágio do sonho de igualdade americano, sustentado pela China e detonado na era Bush, nos primórdios de uma recessão que ainda pode transformar-se em depressão. Como nota positiva, prevê que o Brasil será um dos poucos países que poderão atravessar esses tempos difíceis sem os riscos da desorganização econômica e social.

As origens e duração da crise

Todo mundo fica buscando as origens da crise em questões técnicas, mas sem olhar a coisa mais profunda. O que havia nos EUA, que tornava “necessário” um movimento desse tipo? Nos últimos 20 ou 30 anos, houve uma concentração de renda crescente nos EUA. Na verdade, este sonho americano da igualdade está naufragando há bastante tempo. Este processo foi acelerado durante os oito anos de Bush, devido às vantagens de impostos que ele deu para os ricos, e ao próprio sistema financeiro, que, da forma que passou a operar, dando prêmios para desempenho, fez com que este processo de concentração de renda se acelerasse de forma brutal.

Para que isto não fosse tão grave a ponto de gerar uma reação popular, houve aqueles facilitários ensandecidos para a classe média e baixa comprar casa, além dos estímulos para que todo o mundo se endividasse com cartão.

Quanto ao tempo para se voltar ao que havia antes e mais complexo. Em termos de bolsa, a experiência é que às vezes leva cinco ou seis anos, quando se tem uma recessão profunda, para retornar aos níveis anteriores. Mas esta é uma visão limitada da realidade. O que aconteceu agora é que o mundo encolheu. O mundo estava doentiamente inchado e com uma dimensão que não vai retomar por muito tempo.

A melhor forma forma de exemplificar isto é com a situação de um atleta que bateu o recorde mundial porque usou anabolizantes. Não é como um resfriado, que depois de uma convalescência de um mês, volta a treinar e repete aquela performance. Não é a mesma coisa, ele nunca vai conseguir isto, porque o resultado foi obtido de forma artificial.

Então, é uma boa imagem dizer que a economia mundial foi anabolizada. Houve uma inchação durante muitos anos, e não vai se retornar ao que era em 4,5, 6 meses ou um ano.

Ilusão de riqueza

Na essência, essa coisa vaga que é o establishment americano – os interesses do grupo que cercava Bush, mas também de outros – tratou de manter a classe média americana e a classe trabalhadora, que vinha perdendo a substância, narcotizada pela ilusão que estava enriquecendo. Além disso, havia necessidade de obter recursos crescentes para a guerra do Iraque. Esses são os dois movimentos históricos profundos nos EUA que, a meu juízo, acabaram confluindo para aquela postura do “vamos que vamos”, deixar tudo correr solto porque favorecia os interesses dominantes.

O resto são detalhes de como a banda tocava. as pessoas ficam muito concentradas nos detalhes, explicando exaustivamente este negócio do subprime, etc. Era simplesmente uma forma de pegar créditos imobiliários fajutos em que até imigrante ilegais eram tidos como bons tomadores. Então, os alquimistas do sistema financeiro descobriram a fórmula de transformar porcaria em ouro. Pegaram pedacinhos dessas dívidas para lá de duvidosas, juntavam com outras melhores e vendiam um papel mistureba. Que, por sua vez, ia sendo repassado para outras mãos, que o alavancava sob a forma de complexos derivativos. O resultado dessas operações mágicas é que, hoje, nem os bancos podem avaliar o valor dos papéis que detêm ou, no linguajar da moda, seu grau de toxicidade (leia-se, percentagem de dívidas irrecuperáveis).

Havia interesse da classe dominante America em fazer esta festa. E ganharam fábulas de dinheiro durante dez anos. Financiaram a guerra do Iraque. Os donos do poder estavam gostando. Agora a quebra é tão grande que vem sempre uma onda moralista e dentro disso vai haver uma arrumação. Talvez até o FMI se reinventar para fazer um novo papel. Na verdade, ele estava sem enredo, cortaram-lhe as falas. O Banco Mundial tem menos dinheiro que o BNDES. Já tinha virado uma burocracia incrustrada em Washington, com bons salários, mas que não tinha nenhuma razão de ser no mundo.

Até os países em desenvolvimento estavam mostrando desempenho fiscal e monetário melhor do que o centro! E eles não iriam falar para os Estados Unidos, “olha aí, vocês vão quebrar”.

Estranha simbiose

O endividamento crescente dos Estados Unidos não poderia funcionar. Precisava haver alguém no mundo que quisesse comprar essa dívida crescente. E aconteceu que havia a China (e quando se fala em China vêm também Taiwan, Hong Kong, Coreia, com o mesmo modelo exportador da China), que se prontificou a ser o credor em última instância dos EUA, acumulando quase US$ 2 trilhões de reservas em papéis do Tesouro americano. O que ela fez foi bancar este período alucinado de consumerismo americano e de gastos bélicos, porque lhe interessava gerar emprego para centenas de milhões de cidadãos que migravam do campo para as cidades.

Nasceu assim a estranha e inesperada relação simbiótica entre EUA e China. Foi uma nova versão da conhecida fábula de La Fontaine: aqui a cigarra americana pôde bailar por muitos anos financiada pela formiguinha chinesa, desde que continuasse a comprar no Império do Meio boa parte das joias e adereços com que se embelezava. Um dia isso tinha de acabar.

Dólares a granel

A pergunta que se coloca é quem vai bancar os Estados Unidos para que saiam do buraco que eles próprios cavaram? Por enquanto, estão rodando furiosamente a maior máquina de impressão do planeta porque, com a taxa de juros perto de zero, a política monetária já deu o que tinha de dar. Em termos de política fiscal, a redução de impostos é bem-vinda, mas, nas condições atuais, o consumidor está tão apavorado e endividado que esta parte do pacote do Obama vai ter pouco impacto no consumo. As pessoas vão tratar de entesourar esses recursos ou pagar dívidas de um cartão que está queimando em suas mãos.

Diante disso, todo mundo concorda que só resta jogar o máximo de dinheiro no mercado. Mas os EUA podem fazer isto porque rodam aquela impressora gigantesca e surge dólar em papel-moeda ou, o que é mais importante, em títulos do Tesouro. E aí não é mais só a China, mas todo o mundo, apavorado, com aversão ao risco, porque sente os efeitos desse tsunami, ainda acha que o porto seguro é um ativo garantido pelo governo americano. Mas isto não dura indefinidamente. Tanto que o próprio Obama tratou de adiantar seu orçamento lá para diante, a fim de mostrar que reconhece como será difícil impedir que o dólar se transforme em confete quando os Estados Unidos saírem desse buraco daqui a dois ou três anos.

Risco futuro

Com essa massa de dinheiro que está sendo despejada no mercado para evitar o risco da deflação, a ameaça futura é uma hiperinflação. Nos próximos meses, o principal problema é saber se ainda haverá tomadores para outros trilhões de dólares. Por enquanto há, porque os bancos em perigo, ao receberem recursos do governo americano, não estão voltando a emprestar mas, sim, comprando papéis do Tesouro. A China até o momento compra esses papéis, talvez até para evitar que suas imensas reservas virem pó, mas dificilmente continuará a fazê-lo diante da queda continuada de suas receitas de exportação.

EUA, a saída

A solução para a crise só virá dos Estados Unidos, pois ali está o epicentro do terremoto. Não há país ou região que, no futuro previsível, possa substituí-los no papel de locomotiva econômica mundial. Mas, a meu juízo, estamos vivendo ainda os primórdios de uma recessão que ainda pode se transformar em depressão.

Para início de conversa, prossegue a hemorragia no setor imobiliário, causa imediata da crise. O valor das casas continua a cair, os imóveis continuam a ser retomados pelos bancos. Mesmo este pacote imobiliário do Obama – de US$ 200 bilhões – só se aplica aos devedores que têm capacidade de honrar seus compromissos caso se reduzam os pagamentos mensais. Mas não salva os milhões de cidadãos que já suspenderam seus pagamentos, e cuja dívida é maior do que o valor presente do imóvel, os que ficaram desempregados ontem ou ficarão amanhã. Enquanto não se chegar ao fundo do poço imobiliário residencial, todos os papéis vinculados a hipotecas que se acumulam nos cofres dos bancos continuam a perder valor, aumentando o nível de toxicidade de todo o sistema financeiro mundial.

Não bastasse isso, o setor imobiliário comercial – edifícios de escritórios, shoppings, fábricas, depósitos – também caminha para o brejo devido ao aumento dos custos financeiros e à retração da economia real. É impressionante o que há de obras paradas ou parando em Nova York ou em Londres, cujo setor financeiro ao final dessa crise será uma fração do que era antes. E não é só a City que sofrerá essa redução estrutural. Muita coisa no mundo será menor por muitos e muitos anos porque dezenas de trilhões de dólares evaporaram. Não é que tenham ficado encostados em algum canto para voltar daqui a pouco. Não voltarão tão cedo, porque não guardavam correspondência com os fundamentos da economia mundial.

Problema à vista

Há outros problemas enormes que podem estourar a qualquer momento. Por exemplo: os fundos de hedge, muitos dos quais simplesmente deixaram de cumprir as ordens de retirada, mas que não vão poder continuar fazendo isso. Alguns estão tentando se salvar vendendo ativos bons, embora seu valor de mercado caia por força de suas próprias vendas, num círculo claramente vicioso. Outro imenso problema potencial naquele país é a inadimplência crescente nos pagamentos dos cartões de crédito, que tende a se acelerar à medida em que os índices de desemprego caminham para superar a cifra antes inimaginável de 10%.

Por outro lado, grandes bancos americanos se encontram em situação insustentável, mas há uma forte resistência ideológica à estatização, caminho seguido abertamente pelo Reino Unido e outros países confrontados com o desmantelamento de seus setores financeiros. No entanto, a menos que a solução alternativa do “banco bom/banco mau” seja aplicada com urgência e muita precisão, creio que não há outra saída para os insolventes senão o controle pelo governo. E a razão é óbvia: o problema fundamental de falta de confiança persistirá enquanto essas megainstituições estiverem carregando papéis que ninguém deseja comprar porque tudo que se sabe de seu valor é que ele continua a cair semana após semana.

Túnel sem luz

Por tudo isso, lamento dizer, é grande o risco de que estejamos apenas entrando no túnel, muito longe de ver alguma luz na extremidade oposta. Além das centenas de trilhões de dólares que já foram despejados no sistema financeiro exclusivamente para impedir sua implosão, muitas das medidas tomadas até agora por Obama, embora válidas, tomarão bastante tempo para gerar efeitos significativos em termos de emprego e de renda. A redução de impostos em favor da classe média dificilmente servirá para ressuscitar os antigos hábitos de consumo, pois seus beneficiários tenderão a pagar dívidas cada vez mais custosas ou a economizar. Como não adianta pintar as unhas de um paciente que está na UTI perdendo sangue, o que se espera é uma solução definitiva para o sistema bancário, sem a qual o fluido vital da economia não voltará a circular e o paciente cairá num coma profundo.

Ameaça européia

A situação é gravíssima no Leste Europeu, onde a incapacidade de pagar dívidas contraídas em moeda forte trará para o buraco os bancos da Áustria e de outros países europeus. Caso isso ocorra, se complicará em muito a situação de todo o continente europeu. Nem na União Europeia existe suficiente vontade política para tomar as decisões drásticas que a hora requer – o que me parece uma boa receita para o desastre. O colapso econômico de um país como a Ucrânia, seguido de prováveis convulsões sociais, pode gerar atritos políticos com a Rússia, ela também às voltas com dificuldades devido à queda do preço do petróleo e ao derretimento de suas reservas cambiais.

Como fica o Brasil

O Brasil é um dos poucos países que poderão atravessar esses tempos sem os riscos da desorganização econômica e social. Quer o mundo viva apenas uma recessão de alguns meses, como seria desejável, ou uma depressão de alguns anos, como infelizmente pode acontecer, o Brasil ocupará ao final posição mais importante no concerto das nações.

Representação dos emergentes

A curto prazo, não creio que haverá mudanças substanciais no peso decisório dos países emergentes nos organismos que representam o status quo pós-Segunda Guerra Mundial, em especial o Banco Mundial e o FMI, pois são imensas as resistências no Congresso norte-americano e em diversos países europeus que custam a aceitar sua nova condição de meros figurantes. Caso se crie alguma nova instituição, o que não me parece provável, aí sim os emergentes teriam de exigir um poder de voto proporcional a seu potencial econômico, mas, na verdade, esse rearranjo de forças em escala mundial só será institucionalizado depois de superada a atual crise.

Fonte: Jornal do Brasil

Crise Mundial: China perde mais de US$ 80 bi em reservas cambiais

Posted in Crise by Blog Juízo Final on 17/03/2009

icpstkg04210209193121photo00PEQUIM – A China perdeu mais de US$ 80 bilhões de suas reservas de câmbio em investimentos realizados antes do desabamento dos mercados financeiros ano passado.

Segundo o jornal econômico Financial Times (FT), as perdas, que teriam sido registradas pela Administração Estatal de Câmbio (Safe, na sigla em inglês), representam a metade do que possuía em ações no exterior, segundo o FT, que citou Brad Setser, um economista do Council on Foreign Relations, um dos principais centros de pesquisas de política internacional dos EUA.

A Safe, que administra cerca de US$ 2 trilhões, começou a fazer apostas enormes nos mercados internacionais em 2007 e sua estratégia de diversificação durou pelo menos até o colapso dos grupos norte-americanos Freddie Mac e Fannie Mae, em julho passado, explicaram ao jornal analistas e fontes próximas a esta administração chinesa.

Segundo o Financial Times, é impossível saber quanto exatamente a Safe perdeu.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, manifestou preocupação sexta-feira com os ativos chineses investidos nos EUA, devido ao impacto da crise financeira.

Ele pediu a Washington que garanta a segurança destes investimentos. Na tentativa de acalmar os temores, o presidente americano Barack Obama disse sábado que a China pode ter absoluta confiança na economia americana.

A China é o primeiro credor dos EUA e possuía, em dezembro, US$ 727,4 bilhões em bônus do Tesouro, segundo dados oficiais do governo norte-americano.

Diminui o interesse chinês pelos títulos americanos

A China comprou mais de US$ 1 trilhão em títulos americanos, mas enquanto o declínio econômico global se deteriora, Pequim começa a manter mais de seus recursos em casa, uma iniciativa que pode ter efeitos adversos para os tomadores de empréstimo americanos.

O cada vez menor apetite chinês pelos títulos americanos tem-se manifestado por meio de uma série de insinuações de autoridades chinesas nas últimas duas semanas, e ante a divulgação das estatísticas oficiais, marcadas para os próximos dias, chega num momento inconveniente.

Na terça-feira, o presidente eleito Barack Obama projetou déficits de trilhão de dólares “Nos próximos anos”, mesmo depois do pacote de estímulo de US$ 800 bilhões. Normalmente, a China seria a tomadora mais ávida da dívida necessária para pagar esses déficits, principalmente notas do Tesouro de curto prazo, que são notas promissórias do governo.

Nos últimos cinco anos, a China gastou um sétimo de toda sua produção econômica na compra de dívida externa, sobretudo americana. Em setembro, superou o Japão como maior detentor estrangeiro de notas do Tesouro americano.

Só agora, Pequim procura pagar pelo seu próprio pacote de estímulo de US$ 600 bilhões – logo quando a renda fiscal registra queda abrupta e a economia chinesa perde o ritmo. Os reguladores ordenaram para os bancos emprestar mais dinheiro para as empresas de pequeno e médio porte, muitas das quais estão às voltas com volumes de exportação menores, e para os governos locais construírem novas rodovias e outros projetos.

“Todos os principais condutores de compras de notas do Tesouro da China estão desaparecendo – há um apetite cada vez menor por notas do Tesouro, e isso complica a perspectiva para as taxas de juros”, disse Ben Simpfendorfer, economista do escritório de Hong Kong do Royal Bank of Scotland.

A agência de notação de risco de crédito Fitch Ratings prevê que as reservas cambiais da China crescerão em US$ 177 bilhão este ano – um grande número, mas bem abaixo da estimativa de US$ 415 bilhões do ano passado.

A demanda voraz da China por bônus americanos tem ajudado a manter as taxas de juros baixas para os tomadores de empréstimos que vão do governo federal aos compradores de residências. O entusiasmo reduzido da China para comprar bônus americanos vai reduzir esse efeito moderador.

Pelo momento, parece haver uma escassez de compradores para os bônus do Tesouro e outros instrumentos de dívida enquanto os investidores fogem da incerteza econômica global para a estabilidade da dívida do governo americano. É por isso que as taxas de retorno dos bônus do Tesouro afundaram para baixas recordes. (Quanto mais os investidores querem notas e bônus, menor é a taxa de retorno, e as taxas de curto prazo estão próximas de zero).

Se a China usar seus recursos para aumentar o padrão de vida do povo, e os Estados Unidos se tornarem menos dependentes de um credor, as conseqüências de longo prazo podem até ser positivas. Mas esse reequilíbrio deve ocorrer gradualmente para não prejudicar o valor dos bônus americanos ou das imensas posições da China.

Outro perigo é que os investidores vão exigir retornos mais elevados para deter papéis do Tesouro, o que colocará pressão sobre o governo americano para elevar as taxas de juros que esses papéis pagam. À medida que as taxas de juros sobem, elas exercerão pressão sobre as taxas de juros que outros tomadores de empréstimo pagam.

Quando e como tudo isso vai ocorrer não se sabe. O que está claro é que o impacto do declínio global sobre as finanças da China tem sido dramático, e repercute nas decisões do governo chinês relacionadas aos seus recursos.

As receitas fiscais do governo central dispararam 32% em 2007, quando as fábricas de toda a China operavam a toda velocidade. Mas quando chegou novembro, as receitas do governo haviam caído 3% em relação a igual período do ano anterior. Isso induziu o ministro das Finanças, Xie Xuren, a advertir na segunda-feira que 2009 será “um ano fiscal difícil”.

Um importante membro do banco central, Cai Qiusheng, disse pouco antes do Natal que as reservas cambiais de US$ 1,9 trilhão da China na verdade começaram a encolher. As reservas – sobretudo compostas de bônus emitidos pelo Tesouro, Pela Fannie Mae e pela Freddie Mac – na maior parte subiram rapidamente desde a crise asiática em 1998.

O vigor do dólar ante o euro no quarto trimestre do ano passado contribuiu para o crescimento mais lento das reservas cambiais da China, disse Fan Gang, conselheiro acadêmico do banco central da China, numa conferência em Pequim na terça-feira. O banco central mantém registro do valor total de suas reservas em dólares, então o euro desvalorizado significa que os ativos denominados em euro valem menos do que dólares, decrescendo o valor total das reservas.

Mas o ritmo do acumulo de reservas da China começou a diminuir no terceiro trimestre, junto com a desaceleração da economia chinesa, e parece refletir mudanças mais amplas.

A China administra suas reservas com considerável sigilo. Mas os economistas acreditam que 70% são denominadas em dólares e a maior parte do restante em euros.

A China financiou suas imensas reservas exigindo efetivamente que todo o setor bancário do país, que é controlado pelo Estado, a pegar um quinto de seus depósitos e entregá-los para o banco central. O banco central, por sua vez, tem usado o dinheiro para comprar bônus estrangeiros. O banco central está no momento reduzindo rapidamente essas exigência e pressionando os bancos a emprestar mais dinheiro na China.

Referências:

Gazeta Mercantil

DCI

Crise Mundial: Vendas de automóveis nos EUA caem mais de 40% em fevereiro

Posted in Crise by Blog Juízo Final on 03/03/2009

gm-ford-chrysler2Este é o nível de vendas mais baixo dos últimos 30 anos. Desempenho da Ford caiu 48% e da General Motors, 52,9%.

Do G1, com informações da EFE e da Reuters

O setor automobilístico nos Estados Unidos sofreu outro mês desastroso em fevereiro, com perdas que superam 40% das vendas em relação a igual período de 2008. Este é o nível de vendas mais baixo dos últimos 30 anos. O resultado marca o 15º mês consecutivo de queda na venda de automóveis e já é visto pelos analistas como um agravamento da recessão dos Estados Unidos, reforçado pela desaceleração de outros mercados, como o europeu e o japonês.

Somente as vendas da Ford desabaram 48%, já as da General Motors caíram 52,9%. A Chrysler registrou queda de 44% no mês, passando para 84.050 unidades, contra 150.093 veículos vendidos um ano antes. As montadoras japonesas registraram quedas menos acentuadas: as vendas da Toyota reduziram 37% no mês e da Nissan, 38%.

A Ford disse em comunicado, divulgado nesta terça-feira (3), que no segundo trimestre do ano produzirá 260 mil veículos a menos que no mesmo período do ano passado, diante das “dificuldades” do ambiente econômico. Isso porque as três marcas do grupo Ford (Ford, Mercury e Lincoln) venderam em fevereiro apenas 94.044 unidades. A montadora destacou ainda que seus estoques caíram 32% durante fevereiro, para 405.000 unidades.

Ford Mustang estacionados à espera de compradores

Foto: David Zalubowski/AP“O ambiente econômico e competitivo continua difícil”, explicou Ken Czubay, vice-presidente de Vendas e Marketing da Ford. “Estamos decididos a seguir o curso e a permanecer concentrados, edificando os alicerces para o crescimento futuro com produtos com um estilo diferenciado”, acrescentou. Assim, no segundo trimestre do ano, a Ford planeja produzir 425 mil veículos na América do Norte.

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Comprador observa Chevrolet Tahoe, da GM

Foto: Lisa Poole/APEm situação mais crítica, a General Motors registrou em fevereiro uma queda anualizada de 52,9% em suas vendas nos Estados Unidos, onde apenas 127.296 unidades foram comercializadas.

A montadora vendeu um total de 53.813 carros, o que representa queda de 50% ante fevereiro de 2008, e 73.483 caminhões, redução de 55% na mesma base de comparação.

Apesar de as vendas terem despencado em relação ao ano anterior, a montadora disse que, em relação a janeiro de 2009, a comercialização de veículos na categoria “autos” subiu quase 34%.

“O mercado permanece difícil e desafiador”, afirmou em nota Mark LaNeve, vice-presidente para vendas de veículos, serviços e marketing da GM na América do Norte. “Nossos novos produtos continuam obtendo mercado e estamos estimando que a participação no varejo aumente com os modelos Malibu, Traverse, Enclave, HHR, Cobalt e G6”, disse o executivo.

Segundo a GM, os estoques tiveram queda de 160 mil veículos (17%) em fevereiro, em relação a fevereiro de 2008, para cerca de 781 mil veículos. Havia cerca de 337 mil carros e 444 mil caminhões em estoque no fim do mês passado, de acordo com a montadora. Em comparação com janeiro deste ano, os estoques diminuíram em 20 mil unidades.

Na Europa

Enquanto se prepara para investir em uma fábrica nos Estados Unidos, o grupo alemão Volkswagen divulgou também nesta terça-feira o fechamento do lucro líquido de 2008, em US$ 4,688 bilhões de euros, 13,7% a mais que em 2007. O consórcio antecipou que, no ano passado, faturou 113,808 bilhões de euros, 4,5% a mais que no ano anterior.

O lucro operacional aumentou 3%, para 6,3 bilhões de euros, enquanto o lucro antes de impostos cresceu 1%, para 6,608 bilhões de euros. No total, o grupo Volkswagen vendeu 6,27 milhões de veículos, 1,3% a mais que em 2007, além de aumentar sua participação no mercado mundial.

Fonte: Portal G1

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Crise Mundial: EUA fim de 2008 foi catastrófico para a economia e 2009 começa igual

Posted in Crise by Blog Juízo Final on 01/03/2009

msnbc_00011WASHINGTON (AFP) — A forte revisão para baixo do PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre, anunciada nesta sexta-feira, mostra em que velocidade a atividade se deteriorou na primeira economia mundial no fim de 2008 – e aponta para uma situação tão ruim quanto no começo de 2009.

Em uma segunda estimativa oficial, o departamento do Comércio revelou que a baixa do PIB alcançou 6,2% em ritmo anual em relação ao terceiro trimestre, contra os 3,8% incialmente anunciados. Os analistas já esperavam esta revisão, mas não imaginavam que seria tão forte, com 5,4%. Esta contração da atividade é a mais aguda desde o primeiro trimestre de 1982.

Por outro lado, o PIB americano não tinha dois trimestres consecutivos de queda desde a recessão registrada entre o fim de 1990 e o início de 1991.

Estas cifras “são, talvez, o indicador mais claro dos atuais males da economia americana”, estimou o analista Augustine Faucher, do site Economy.com (agência Moody’s). “Atualmente, os Estados Unidos estão mergulhados na recessão mais profunda desde a depressão dos anos 30. Os problemas dos mercados de créditos se espalharam amplamente por toda a economia”, acrescentou.

De fato, os três tradicionais pilares do crescimento econômico – consumo varejista (que em tempos normais costuma representar mais de dois terços do crescimento americano), o investimento corporativo e o comércio exterior – despencaram em ritmo espetacular. O consumo caiu 4,3%, influenciando a evolução do PIB em -3,01 pontos percentuais.

O investimento, por sua vez, registrou uma baixa de 20,8% (-3,11 pontos do PIB), enquanto as exportações perderam 23,6% (-0,46 ponto do PIB). Ao mesmo tempo, os indicadores publicados desde o início do ano ainda não permitem que se sonhe com dias melhores dentro do curto prazo.

“As estatísticas divulgadas até agora para o primeiro trimestre mostram que estamos caminhando na direção de outro filme de terror, com novos recordes negativos nos índices de confiança dos consumidores, uma aceleração da queda do mercado de trabalho e novas reduções diretas no investimento das empresas”, explicou Rob Carnell, do banco ING.

No lado do consumo, os americanos têm apertado cada vez mais os cintos, preocupados com os anúncios constantes de demissões em massa. De acordo com o instituto privado de análise de conjuntura Conference Board, a população nunca se mostrou tão perturbada com um cenário de crise desde que a medição começou a ser feita, 40 anos atrás – nem mesmo em 1982, quando a taxa de desemprego chegou a 10,8%, contra os atuais 7,6%.

Diante deste panorama, as empresas adiam ao máximo seus planos de investimento, como comprovou na quinta-feira a queda das encomendas de bens duráveis registrada em janeiro: assustadores -5,2%, na sexta queda consecutiva, o que jamais havia ocorrido.

Fonte: AFP